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Uma Revisão Literária sobre Dante Alighieri pelo Visconde de Inhomirim.

Visconde_Dante-300x214 Uma Revisão Literária sobre Dante Alighieri pelo Visconde de Inhomirim.

O Visconde de Inhomirim e Dante Alighieri

 

Em comemoração aos 700 anos da morte de Dante Alighieri

Novamente o acaso, cruzando meu caminho. Durante minhas pesquisas na busca de subsídios para uma obra pessoal, encontro a figura do Visconde de Inhomirim, Francisco de Sales Torres Homem, carioca, escritor, político, formado em medicina e direito, diplomata do segundo império, opositor ferrenho da Regência Una do Padre Diogo Feijó, cujas críticas transbordavam nos jornais da imprensa do segundo império.

Discípulo de Evaristo da Veiga, Torres Homem, formado na Universidade de Paris, Sorbonne, França, dominava o francês, inglês, latim e português com maestria. Filho de um padre de vida desregrada, chamado Apolinário Torres Homem e de Maria Patrícia, mulher negra alforriada, que no Rio de Janeiro, Largo do Rosário, hoje Praça Antonio Prado, exercia a profissão de quitandeira. Nesta região, era conhecida como Maria “Você me mata”.

Francisco Sales Torres Homem, o primeiro negro a defender a causa abolicionista, ilumina o intelecto do leitor do jornal O Despertador: Diário Comercial, Político, Científico e Literário do Rio de Janeiro, por ele dirigido durante os anos de 1838 a 1841, com um estudo literário sobre Dante Alighieri. Esta publicação do dia 6 de dezembro de 1839, edição de número 500, páginas 1 e 2, é de uma extraordinária riqueza de detalhes que nos dias de hoje poderia facilmente ser tema para uma tese universitária.

Conta Torres Homem que, no século 14, a língua e a poesia italiana não existiam ainda e que foi fertilizada pelas obras de três grandes renascentistas: Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Bocaccio.

Para Torres Homem, Dante Alighieri é a estrela principal entre os três. Com base na crítica do seu professor do Curso de Literatura Francesa, (Cours de littérature Française), Abel-François Villemain, e por algumas ideias que teria retirado da Biblioteca Acadêmica da Universidade de Paris.

Torres Homem, compara Dante Alighieri a Homero, figuras que prestaram serviços significativos ao idioma de seus países. Dante teria encontrado a língua italiana nas mesmas condições que Homero encontrara o grego popular. Uma língua informe, falada em dialetos que variava de província a província, de vila a vila, o que descaracterizava o idioma pátrio. Para unifica-lo era preciso que aparecesse um escritor que tivesse a habilidade de sujeitá-lo ao seu talento, fazendo brilhar, como um meteoro, a sua poesia e sua escrita, criando um espetáculo literário que iluminasse o mundo todo, assim como fez Homero.

Segundo Torres Homem, Dante Alighieri foi para a Itália, o genial escritor e literato que em uma terra inculta, realizou o primeiro trabalho no qual o idioma se sujeita ao estilo poético, criativo e engenhoso do autor. Adaptou-o a assuntos vários, tornou-o flexível a todas as nuances de sentimentos, buscando nos diversos dialetos falados na península itálica as locuções mais felizes e as palavras mais significativas incorporando-as em sua obra, assim como a abelha que do pólen de várias flores cria o suco dulcíssimo do mel.

Esse poeta dedicou seus primeiros versos a uma bela jovem, chamada Beatriz que, em Florença, viu a morte chegar prematuramente, plantando na mente laboriosa do escritor, sentimentos de um amor ardente e permanente, cheios de sensibilidade doce e terna, carregados do perfume da mais suave melancolia.

Conta-nos o Visconde que certo dia, no ano 1304, visitou Florença o Cardeal bispo de Óstia-Velletrio, Niccollò Albertino, filho do conde de Prato, também chamado como Niccolò da Prato, ou Nikolaus von Prato. Durante esta visita divulgou-se, ao som de trombetas, que aqueles que desejassem receber notícias do outro mundo, do mundo invisível dos mortos, deveriam vir à ponte “Alle Carraia”, a segunda ponte construída sobre o Rio Arno, feita de pedra e madeira e que ligava Florença ao interior da Itália. Na Ponte foi levantado um teatro onde artistas usando máscaras demoníacas, representavam os suplícios do inferno, precipitando-se em chamas, interpretando condenados rangendo dentes e desferindo gritos horríveis sobre a plateia atônita. Em um determinado momento, a Ponte não suportou o peso da multidão e dos artistas e desmoronou. A curiosidade com as coisas do outro mundo, agora, se tornava realidade para as pobres vítimas do evento, vitimadas de forma mortal.

Torres Homem enfatiza que foram muitos os estudiosos de Dante Alighieri que referenciam este evento como a inspiração das primeiras ideias da “Divina Comédia”. O século 14, era um tempo em que a religião tudo influenciava – superstições, o pecado, o medo e até mesmo a submissão clerical devotada por fiéis católicos – o que abria, de certa forma, um caminho para a poesia e para a música, recheadas de curiosidade sobre a morte e a vida pós-morte. O povo julgava Dante Alighieri um viajante das regiões infernais, e dos meandros do purgatório, colecionador de mapas, itinerários e trilhas geográficas desses lugares desconhecidos.

Em certa ocasião, conta-nos o Visconde, que em uma rua de Verona uma mulher do povo mostrou-o à sua vizinha nestes termos: – “Vedes aquele homem, que vai ao inferno quando quer, e vem contar o que viu?”. Ao que outra respondeu que “não era difícil reconhecê-lo pela sua barba meio queimada, e pela tez enegrecida pelo fogo e o fumo”.

As disputas ocasionadas pelo clero e pelo Sacro Império Romano-Germânico geravam uma época de confusão e depressão e deram a Dante Alighieri uma rica fonte de inspiração, com episódios vários, até mesmo incluindo o próprio autor. Dante relata com paixão e maestria opiniões, costumes, conflitos de paixões e de acontecimentos.

A obra de Dante Alighieri apresenta um itinerário poético de três mundos, marcado por viagens através do Inferno, Purgatório e Paraíso. O viajante desce pelos dez recintos do inferno como se fosse, figurativamente, um cone com sua base circular voltada para cima, cuja ponta coincide com o centro da terra, local onde repousa o corpo de Lúcifer. Depois de passar pelo centro da terra, segue em tropa pelo hemisfério austral, até uma ilha onde se acha o Purgatório, montanha feita em cone truncado, cone com ponta achatada em formato cônico, onde se situa o Paraíso. Esta referida montanha com sete diferentes alturas, ou planos, da base até o cume onde termina o Purgatório e começa o Paraíso. Dante, depois de saudar a morada de nossos primeiros pais, continua sua jornada elevando-se até a morada de Ptolomeu na décima esfera, onde a divindade reside. Dia após dia, Dante nos proporciona um relato fiel do que viu e ouviu no caminho de suas aventuras.

Continua Torres Homem relatando que, no começo do canto do Paraíso, com seus arroubos de entusiasmo e suas frequentes invocações, as musas são carregadas de ingenuidade encantadora. Apavorado com a enorme tarefa que o força a subir o cume dobrado de duas colinas, pede a Apolo que tome conta de sua alma. Que faça cair sobre ele e sua missão os sons provocados pela sua lira que venceu a flauta do fauno Marsias, causador de tão desgraçado desafio musical entre ele e Apolo. A derrota do fauno trouxe como consequência o castigo terrível de ser amarrado a um tronco de árvore e esfolado vivo. O estudo do Visconde menciona que no Poema do inferno são elevados ao mais alto tom o negro e o terrível. Já no Purgatório pode se respirar a melancolia piedosa da penitência resignada, com ar sombrio, como um doce crepúsculo em perspectiva. No canto do Paraíso, a calma, a serenidade, o êxtase, o sublime da religião. Chama a atenção Torres Homem que os críticos são unânimes em afirmar, que a inscrição na porta do Inferno pode ser traduzida como a transcendência do terror:

“Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate!”

(Renunciai a toda esperança, vós que entrais) – Inferno Canto III

E ao passar por esta porta infernal, é impossível deixar de se escutar suspiros, soluços profundos, queixumes atrozes que retumbam nos dias e nas noites.

O patético e o terrível são extremamente aplicados no canto em que Dante narra a horrorosa história do conde Ugolino, que perece de fome com seus filhos na torre de Pisa. Com certeza este é um momento na obra que excede a qualquer obra produzida, impossível de ser lida sem o sentimento de piedade e terror, frisa Torres Homem.

E continua sua análise, com bastante propriedade:

“Que espetáculo oferecem esses meninos que, em seus sonhos, pedem pão com soluços e gritos dolorosos; e que, depois de acordados, imploram a compaixão de seu pai, também esfaimado, e passam dois dias a olhar uns para os outros com uma dor muda.” Inferno Canto XXXIII

O Visconde, em seu estudo, não perde um detalhe e traz em seus comentários que na passagem pelo Inferno Dante mostra seu espírito de sátira, de uma sátira violenta, atroz que, através das palavras enterra sua lâmina envenenada nos mais profundos recônditos da alma do leitor. Seria uma justificativa para tal espírito os infortúnios sofridos por Dante Alighieri? Seria este o gênio natural do poeta, que transitou entre Guelfos e Gibelinos? Guelfos, que se alinhavam ao clero, aos papas e à liberdade das cidades e os Gibelinos, que se alinhavam ao Imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Aqui inicia o Visconde uma análise pessoal de Dante Alighieri. Dante havia sido guelfo à frente da magistratura em Florença. Mas, uma divisão interna entre Guelfos Brancos e Guelfos Negros provocaram disputas e discórdias que não permitiram reconciliações. Depois de ter sido expulso de Florença, Donato Corsi, inimigo mortal de Dante Alighieri, retorna sob a proteção do papa Bonifácio VIII e de Carlos di Valois, filho de Felipe III, da França, este, para servir de pacificador entre Guelfos Brancos e Negros e reprimir as lutas entre as facções. Carlos di Valois, atendendo aos pedidos secretos do pontífice, reprime severamente o partido dos Brancos com uma longa série de exílios, assassinatos, confiscos e incêndios, favorecendo assim o triunfo dos Guelfos Negros. Tal violência acaba envolvendo também Dante Alighieri que, várias vezes, manifestou-se com muita dureza nos órgãos municipais contra a presença de Carlos de Valois em Florença.

Dante Alighieri, da mesma forma, seria expulso de Florença e passaria o resto de sua vida exilado de sua cidade, mas o seu rancor com o clero papal acaba por transforma-lo em um Gibelino, inimigo figadal dos papas.

O Visconde traz à lembrança que, “as feridas no coração do poeta Dante Alighieri gotejavam dor e sangue” e ao escrever sua obra prima durante os doze primeiros anos do seu banimento de Florença, elas se abriam a todo instante. E questiona veementemente, o Visconde, analista literário: “Devemo-nos, pois, admirar de ver o seu ressentimento em versos cheios de força e furor?”

Continua com bastante ênfase, que o tema escolhido por Dante Alighieri o deixava bastante à vontade para saciar a sua própria vingança. Seus inimigos o exilaram de sua pátria, ele também os exilará da pátria celeste e os mergulhará em lagos de fogo no inferno. O alvo se volta sem piedade para coroas reais, mitra episcopal, chapéu de cardeal, tiara sagrada de sumo pontífice. Para Dante, toda a Itália não é aos seus olhos “senão uma morada de dor, um navio sem piloto”, não é mais a rainha do mundo, “mas sim uma vil escrava, um lugar de crápulas e prostituição”:

Ahi, serva Italia, di dolore ostello,

(Ai, serva Itália, da dor albergue)

Nave senza nocchiero in gran tempesta,

(Navio sem timoneiro, na grande tempestade)

Non Donna di province, ma bordello.

(Não mulher da província, mas de bordel)

Purgatório Canto VI

O Visconde de Inhomirim afirma que a audácia de Dante Alighieri cresce à medida que se expõe a maiores perigos, e sobe ao cúmulo quando chega às ordens religiosas, aos papas e seus ministros. Amontoando no inferno papa sobre papa, fez de todos uma coleção perpendicular com a cabeça para baixo e os pés para cima.

Dante Alighieri reserva ao seu perseguidor, o papa Bonifácio VIII, todos os raios possíveis da vingança, descrevendo-o com as tintas mais negras retiradas do fel da amargura encravada nos recônditos da alma.

No inferno de Dante podem-se encontrar as mais variadas punições. Os preguiçosos e indolentes que, nem bem, nem mal fizeram, são condenados a correr incessantemente. Os heréticos estão estendidos em sepulcros ardentes de um vasto cemitério. Os suicidas, encerrados dentro de vegetais, são os hamadríadas; as ninfas dos bosques que na mitologia nasciam encerradas dentro de uma árvore, não reassumirão seus corpos no dia da ressureição, por que não seria justo que lhe restituíssem o que voluntariamente renegaram. (Inferno Canto XIII)

Assim narra, o Visconde:

“Os blasfemadores estão deitados em supinação sob as chamas que os envolvem! Os fogos de Sodoma caem em chuva sobre seus habitantes, e sobre os que lhes imitaram os costumes perversos. Os sedutores de mulheres são fustigados e cozidos em um lago de fogo, onde os demônios os viram, à semelhança de um cozinheiro experimentado que revolve à carne.” (Inferno Canto XXI)

Serpentes dilaceram os salteadores e assassinos, e os fazem passar pelas mais singulares metamorfoses. Enfim, um rio gelado é destinado aos traidores da pátria, seus parentes e benfeitores. (Inferno Canto XXXII)

Torres Homem chama a atenção para este canto XXXII, onde Dante, que conhecia como ninguém o som das palavras, busca versos roucos, duros, e receando que a língua italiana não lhe forneça os sons que deseja recorre ao expediente de endurecer o estilo, emprestando do alemão sons como: (1) Danoia in Ostericchi (rio Danúbio na Áustria), (2) Tambernicchi (nome antigo do Monte Tambura, na Toscana), (3) Pietrapana (nome antigo do monte Pania de la Croce, na província de Luca, na Toscana), (4) borda cricchi (Se essas montanhas, tivessem caído no lago de gelo, não teriam craquelado as camadas da borda).

“Non fece al corso suo sì grosso velo

(Não fez seu curso tão espesso véu)

Di verno la Danoia in Ostericchi (1)

(No inverno o Danúbio na Áustria)

Nè ’l Tanai tà sotto ’l freddo cielo,

(Nem o Tanai sob o céu frio)

Com’ era quivi: che se Tambernicchi (2)

(Como lá estava: que o Monte Tambura

Vi fosse su caduto, o Pietrapana (3)

Lhe tivesse caído sobre o Pietrapana

Non avria pur dall’orlo fatto cricchi (4)”.

(Não teria as bordas feito rachar)

Conclui Francisco de Sales Torres Homem, o Visconde Inhomirim, dizendo que a grande arte de Dante Alighieri está na maneira como ele combina sons, palavras e imagens. Talento poético que proporciona imagens encantadoras e singelas.

Como exemplo o Visconde toma os versos do Canto XXIII do Paraíso, que descreve a imagem do pássaro vigilante que, durante a escuridão da noite, repousa com seus filhos em um ninho oculto na espessura das folhagens, cuidando das suas crias implumes à espera de um novo dia.

Este canto é uma das imagens de Dante Alighieri mais citadas pelos críticos, no sentido de definir a pureza do amor divino, caridoso, esperançoso e triunfante nos cuidados pelos seus filhos.

Impossível não se enternecer com os versos deste canto:

Come l’augello intra l’amate fronde

(Com o pássaro entre amados ramos)

Posato al nido de’ suoi dolci nati,

(Pousado no ninho com seus doces rebentos)

La notte, che le cose ci nasconde,

(A noite, que as coisas nos escondem)

Che per veder gli aspetti desiati.

(Que ao ver os aspectos desejados).

E per trovar lo cibo onde li pasca.

(E encontrar comida para alimentá-los)

In che gravi labori li son grati,

(Em sérios trabalhos lhe são gratos),

Previene ’l tempo in su l’aperta frasca,

(Calcula o tempo em seu ramo saltitante),

E con ardente affetto il Sole aspetta,

(E, com ardente afeto, o sol espera),

Fiso guardando pur che l’alba nasca;

(Vigiando constantemente o nascer da alvorada).

O Covid-19 e a falência das relações sociais

 

Estas linhas são para você empresário, que reinventa seu negócio em plena pandemia, que descobre que a vida pode ser melhor com modelos revolucionários, como drive-through (através dos carros), e-commerce (comércio eletrônico), e home office (trabalho remoto), delivery (entrega), marketing place (local de compras virtual) e tantos outros termos que atualmente fazem parte do vocabulário de feirantes, nos locais onde se proliferam os ambulantes da economia informal e dos especialistas em negócios . Modelos criados há mais de 15 anos atrás, e só agora, dada   necessidade, mostram-se como infraestrutura mais adequada para a distribuição de produtos e serviços. A maximização da quantidade de entrega da massa de produtos e serviços para conseguir um resultado de troca monetária maior ou igual a conseguida nos dias de hoje, será uma determinante imprescindível. A especulação e o dinheiro fácil ganho nas custas de quem produz, ou ganho nas tetas do setor público de forma irresponsável não terá lugar na sociedade do futuro. A boa notícia é que os atravessadores, intermediários reticentes a qualquer tipo de mudança, lentamente serão extintos dos mercados. São estes os que estão prontos a exercer desobediência civil, são estes que desejam a volta do “status quo” anterior. Um ambiente que fique exatamente igual ao que era antes, o que é totalmente impossível, factível somente nas mentes dos fantasiosos.

Impossível deixar de mencionar, os funcionário de grandes empresas privadas, que se reinventaram no trabalho de home office (trabalho remoto), agilizando cada vez mais a sua atividade laboral e agora não precisando reivindicar mais qualidade da comida produzida nos restaurantes das empresas multinacionais. Não precisando reclamar da cadeira desconfortável ou fazer reclamações sindicais contra a ergonometria. O seu instrumento de trabalho agora é o notebook comprado com o seu dinheiro, bem diferente e bem melhor do que o desktop lento que travava no uso de imagens e de planilhas. Mas o melhor mesmo é o café feito em casa pelas mãos da esposa ou pelas máquinas de Nespresso, muito diferente do café aguado das máquinas nos corredores da empresa, sem precisar gastar tempo para fumar um cigarro fora das dependências da empresa. Todas as dificuldades desapareceram e quem ficou empregado terá que entregar muito mais quantidade e qualidade de trabalho. Como diria um snobe colega que pouco se importava com a humanidade dos funcionários, da mesma forma que Kleiton e Kledir na música Pato Macho: “Não quero nem saber se o pato é macho, eu quero é ovo”

Não podemos deixar de mencionar os caminhoneiros. Eles não podem mais sair por aí sem lenço e sem documento, agora são obrigados fazer um planejamento completo de suas viagens, evitando as paradas não muito recomendáveis, controlando assim, o ambiente onde terão seu descanso noturno e onde terão suas refeições. Sem contar que a mobilização como categoria, agora não está mais fadada ao comando de um sindicato, mas sim de qualquer voz intimidatória que ecoa nos vídeos de WhatsApp ou Facebook, espelhando assim, uma forma de reivindicar, muito semelhante aos famosos sindicatos do antigo setor automobilístico, trocando apenas o endereço e mantendo a forma. Falas sem nome e sem compromisso, sem deixar traços de identificação dos sindicatos, organizações políticas ou econômicas a quem estão ligadas, representando ou associadas. Falas que quase sempre se mostram patriotas nas telinhas de celulares, mas que desconhecem as necessidades populacionais e suas carências econômicas. Falas que se propõe a parar o país, ir para as ruas em nome de organizações desconhecidas que bancam a autopromoção para uma possível futura campanha política eleitoral.

Uma palavra deve ser direcionada ao funcionário público, que tem o seu salário preservado, por enquanto, e que tem por obrigação prestar os melhores serviços públicos para atender a sociedade desarvorada. Sociedade totalmente carente do ponto de vista de direção e organização, mas que banca através de impostos e transferência monetária uma estrutura governamental totalmente ineficaz e sem políticas públicas que atendam realmente a maior parte da população. Quando algum setor público funciona de maneira eficiente, não tem como deixar de notar a corrente crítica que sempre busca descontruir sua utilidade com acusações, até mesmo com falsas notícias, na tentativa infame da cooptação de poder.

Temos que mencionar, também, os professores que conseguiram se reinventar com o ensino a distância, agora, talvez mais flexível porque a telinha alivia seus ouvidos e traz mamães e papais para estudar junto com seus filhos, mas como esquecer que ainda terão que trabalhar dobrado para reinventar os espaços corretos, ventilados, e com muito mais atividades ao ar livre quando forem receber seus alunos em suas escolas. Os profissionais da educação não imaginam a obrigatoriedade do esforço que deverão empenhar com todo corpo docente e discente, e até mesmo de pais e especialistas, para planejar o retorno às aulas. A escola não é depósito de crianças albergadas por algumas horas, o colégio não é uma casa de divertimentos para adolescentes e jovens desinformados, sem civismo e sem valores morais. As Universidades não podem ser um recinto dominado pelas drogas, pela desobediência civil, pela formação de profissionais que passaram quatro ou cinco anos em atividades esportivas competitivas esquecendo-se do real é objetivo que é formação profissional. As turmas de formandos, tem em sua maioria uma de gama de profissionais, sem nenhum ou pouco valor cultural, e do ponto de vista do conhecimento, sai da Universidade da mesma forma que entrou, sem agregar valores. As Universidades não podem projetar e construir educação através de ideologias, sejam quais forem. O entendimento político não pode alardear propósitos de compromisso e engajamento social, formando profissionais e pessoas, inábeis, voltadas ao discurso do marketing e da marca pessoal, carregando a inutilidade e o despreparo no exercício profissional e na vida pessoal. Incapazes até mesmo de tomarem as rédeas de suas próprias vidas e do seu desenvolvimento como cidadãos. A maioria, mantém toda a estrutura de vida calcada na dependência da família, do pai, da mãe; e até mesmo, dos próprios avós, sempre preocupados com a possível herança familiar. A educação não é responsabilidade de um único agente, têm papel fundamental na formação do indivíduo a família, estado e sociedade. Quanto mais estes agentes estiverem desorientados, mais educandos serão formados de maneira imprópria e avessa aos valores éticos e responsáveis, sucateando a cultura, a arte e a ciência de qualquer pátria ou nação. O resultado sempre será uma quantidade de poucos com responsabilidades, arcando com o ônus de produzir ações que levem ao engrandecimento cultural e científico da sociedade em detrimento de muitos outros.

Enfim, a sociedade brasileira esta doente, em pandemia, refém do vírus, Covid-19, Corona Vírus, que graças as ideologias políticas fabricadas por interesses escusos, criou uma divisão de comportamentos, rachou os brasileiros em dois grupos. Os chamados da direita negacionistas e os de esquerda progressistas voltados para o distanciamento social e para a ciência, que eles próprios ignoram, imaginando-se protegidos debaixo destas bandeiras. Como não me encaixo em nenhum dos dois grupos, primeiro por que não aceito verdade absoluta e segundo por que toda divisão não agrega nada, só espalha, prefiro a verdade, ainda que relativa, que agrega e ajunta o espalhado. Grupos que se dizem dono da verdade para coaptar partidários, que distorcem valores éticos em nome da lealdade, não faz parte do meu perfil. Por isso descrevo esta pandemia com uma certa dose de ironia.

E lá vai minha ironia: pouco importa se o vírus, é uma farsa ou não, passo longe e quero continuar passando bem longe do virulento. Pouco importa os profissionais da saúde que lidam com eles, não sou médico. Para que me expor e expor minha família, repito, não sou médico. Sim, mas quando se trata de expor opinião, aí sim, passo a indicar o tratamento precoce com Azitromicina, Hidroxi-cloroquina e corticoides, passo a ser especialista e se alguém morrer não tenho nenhuma responsabilidade. Mas se tiver febre, perder o olfato, corro para o hospital quero ser internado e entubado, por isso terão que ter um quarto de UTI disponível, nem que seja particular, não posso ficar em fila de espera.

Vemos os políticos e autoridades recitarem regras que nunca serão cumpridas. Vacinas a conta gotas, que não terão o poder de ressuscitar uma sociedade, hoje totalmente agonizante. Voltar aos dias chamados de “normal”, não acontecerá, porque o “normal” não existe mais, e o comportamento social, mesmo após a vacina, será diferente do que conhecemos no passado.

Vemos nossos amigos morrendo e mesmo assim soltamos o ditado: melhor ele do que eu. O vírus não existe, é tudo farsa, estatística forçada dos governos. Temos que voltar ao que era antes e deixar morrer aí 1% de 100.000.000 de brasileiros, que morram 1.000.000 afinal já morreram 300.000, estamos com a média baixa para uma letalidade do vírus em 1%. Vai morrer mesmo? Não! Para isso temos confiar na ciência, fazer o distanciamento social e tomar a vacina, porque não temos hospitais para tratar todo mundo, porém, colocarmo-nos nas mãos de políticos aéticos que sequestram os serviços de saúde em detrimento de seus interesses pessoais se torna cada vez mais difícil.

Enfim o mundo não aprendeu nada com a história, poderíamos escrever um tratado com inúmeras páginas dos fracassos armados de conquistas, territórios e poder. E agora vemos uma luta para se apoderar de um vírus, uma pandemia para dominar todo o globo e um bocado de espertos que têm receitas mágicas publicadas diariamente nas mídias sociais. Durante a segunda guerra, os alemães exterminavam judeus e alegavam que prestavam serviços à sociedade, transformando um ser humano em 640 gramas de cinza e espalhando-os pelas ruas dos vilarejos da Polônia em amontoados de cinzas brancas. E, ainda assim, muitos nazistas modernos engajados em movimentos populares explicam que a “Solução Final” nunca existiu.

Na minha concepção otimista, quero acreditar, que todos os homens de boa vontade estão buscando novos caminhos para entender a nova realidade da sociedade, que descortina apenas uma pequena mostra da transformação, que já mostra uma tendência em ser a maior já vivida na nossa história global.

É crucial para o ser humano de hoje se preparar para a busca das profissões necessárias ao mundo do futuro. Falar 5 idiomas não será vantagem competitiva para os profissionais do futuro, viajar em turismo comercial será totalmente aético, abrir filiais em países pobres para vampirizar a necessidade de povos subdesenvolvidos será crime, competição será substituída por colaboração e associação.

Mas o mundo e o Brasil continuarão precisando de professores, educadores, profissionais da saúde, muitos hospitais e menos campos de futebol, alimentos, desenvolvimento tecnológico e científico, meios de transportes adequados e muitos, mas muitos mesmos, profissionais voltados para área de serviços. E muito mais do que tudo de pessoas com caráter, honra e que abominem a corrupção e a improbidade.

Espero com muita fé, no despertar das pessoas de bom senso, com mais objetivos humanitários em harmonia com o planeta em que vivemos, que fomente o planejamento de uma nova sociedade, que largue o osso desta civilização atual, falida, e que morre em situação de pobreza e desamparo.

Tirando fora a minha ironia, deixo claro que não tenho medo do vírus, mas entendo que terei que conviver com esta sociedade falida, com o planejamento desta nova sociedade que há de surgir trazendo consigo o coronavírus e com muitos outros que ainda hão de surgir.

Para quem achar que este é um texto feito por um influenciador de mídias sociais, com objetivo de arrebanhar partidários, que tenha em mente, que é um desabafo diante da percepção da realidade em vivo. Respeito os que pensam em contrário e me encontro totalmente aberto para dialogar, discutir os termos das minhas palavras, em uma reunião virtual enquanto a vacina não vem!

Na minha míope visão construída sobre o que é viver, o meu objetivo é, sempre foi e sempre será, aprender. Pobre os néscios que ainda não descobriram que mudar de opinião é sinal de aprendizado.

Interrupção e Ruptura digital – Digital Disruption.

Disrupcao-300x122 Interrupção e Ruptura digital – Digital Disruption.

Tenho acompanhado nas redes sociais diversas matérias sobre o tema “Interrupção e Ruptura Digital”, que está se tornando mais do que ferramenta para os executivos de TIC.

O desafio em combinar de maneira eficaz e produtivo este novo conceito abraçado pelo Marketing Digital, mas que na verdade está intimamente ligado ao Planejamento Estratégico é basicamente uma exigência do portfólio de experiências para gerenciar novas empresas no dinâmico e intrigante cenário digital que vivemos.

A inovação por si só não é suficiente, é necessário a intervenção direta nos mecanismo de mercado, nos sistemas em execução, e não se trata de uma abordagem de sistemas padrões e legalizados, se trata de uma abordagem de todos os sistemas e principalmente daqueles que apontam na direção de um novo modelo de negócio, que de tão rápido, eficaz e de intensa propagação muda sensivelmente o comportamento de toda uma sociedade.

Basta olhar para os novos aplicativos criados por empreendedores, apaixonados por TIC e até mesmo por Startup (empresas emergentes).

Modelos de negócios como o Uber, Taxi 99, Airbnb, Booking, TripAdvisor e muitas outras tem criado verdadeiro pânico em outras empresas do setor de Transportes de Pessoas, Turismo e até mesmo o setor de Governo, onde a tributação e operação de serviços não conseguem acompanhar.

Quando Travis Kalanick e Garret Camp em 2007 ou 2008 participavam de um evento de tecnologia e empreendedorismo na cidade de Paris em uma noite com o clima totalmente desfavorável, muita neve, temperatura abaixo de zero, trocaram impressões sobre a necessidade de se obter um taxi com apenas um toque em um celular não havia uma possibilidade de imaginar a interrupção que seria causada nos serviços de transportes de pessoas no mundo todo. Isto começa a acontecer a partir de março de 2009 em São Francisco com a fundação da UberCab em San Francisco, CA.

O serviço era personalizado, semelhante a um taxi de luxo que oferecia carros como Mercedes-Benz S550 e Cadillac Escalade contratados por um aplicativo instalado no celular que informava a localização por GPS do passageiro e custava 5 vezes mais do que cobrava um taxi comum.

Nos anos de 1988 até 2002, me lembro que já existia serviços semelhantes, executados por empresas brasileiras no atendimento à executivos que visitavam nossas empresas vindo do exterior. Eu mesmo contratei este tipo de serviço em Campinas para atendimento de vários americanos e canadenses que nos visitavam nesta época. A diferença é que eram serviços prestados sem aplicativos e sempre o aval de outras empresas e ou a indicação dada para garantir a excelência do serviço e a satisfação de nossos clientes, que necessitavam motoristas falando o seu idioma e até mesmo com um bom grau de instrução e educação.

O Ubercab na verdade já existia aqui no Brasil e nos Estados Unidos da América, o que foi interruptivo no sistema foi a criação do aplicativo e a criação da UberX em 2012 permitindo qualquer proprietário de veículo a virar motorista e prestador de serviços.

O que deu mesmo notoriedade para o serviço foi a quebra de paradigma entre o negócio estabelecido e controlado pela prefeitura de San Francisco e seu órgão fiscalizador de serviços de transportes conhecido como San Francisco County Transportation Authority (SFCTA) que não conseguiu enquadrar a Uber e seus colaboradores dentro das normas tradicionais e colocou a Uber nos holofotes da mídia americana e nas redes sociais em 2013.

A partir daí ocorre o grande fenômeno, que foi o impulso para a propagação rápida na sociedade do serviço e a busca desenfreada pelo aplicativo nos celulares, o crescimento da oferta do serviço, a quebra do paradigma de negócio instituído que sensivelmente afetava e afeta as cooperativas de táxi, arrecadação pública e os serviços dos taxis tradicionais definindo claramente o que é uma “Interrupção Digital”.

Considerando o seu negócio como de uma empresa de tecnologia e não de transporte a Uber não possuí um veículo para o serviço ou sequer motoristas contratados, mas sim colaboradores cadastrados que tem que cumprir certas exigências como:

· possuir carteira de habilitação especial

· atestado de antecedentes criminais

· possuir veículo dos modelos preestabelecido

· possuir seguro para uso comercial do carro

· e passar por entrevistas para efetivar o seu cadastro.

Uber esbarra constantemente em questões legais. Em toda cidade que a empresa desembarca vem os levantes de taxistas, prefeituras e órgãos oficiais contra o serviço.

Como diria meu velho pai, ninguém chuta cachorro morto. A Uber enfiou a mão no bolso do mercado, transformou a realidade com a estratégia de satisfazer o cliente.

Todo este preâmbulo sobre a Uber me faz pensar o quanto temos ainda para evoluir com a Interrupção e Ruptura Digital – Digital Disruption e tudo me veio a mente como nossos órgãos governamentais necessitam da ajuda de TIC para equacionar a Ruptura Digital de seus padrões de taxação e ou arrecadação que se faz necessário diante de qualquer serviço à comunidade.

Esta semana recebi reforço de um convite para a participação do Gartner Symposium/IT Expo 2018 que se realizará em São Paulo 22 – 25 outubro de 2018 | São Paulo, Brazil.

Juntamente com o convite, um E-Book que fala sobre este tema cujo título é “Leading Through Digital Disruption – Gartner Insights on spotting and responding to digital disruption.” Logo de Cara no Capítulo I – Spotting Digital Disruption encontrei o artigo de David Mitchell Smith, Vice President and Gartner Fellow.

Não tenho a pretensão de me tornar crítico com relação ao artigo, mas me abriu uma curiosidade imensa diante de alguns fatos que o artigo contém e principalmente me fixou o entendimento da Interrupção e Ruptura Digital – Digital Disruption.

Nos táxis do aeroporto de São Francisco havia um sistema baseado em transponder que permitia ao aeroporto cobrar por viagens de táxi contratados por aplicativos.

Mas com o advento da Uber, Ian Law, CIO (Chief Information Officer) do Aeroporto Internacional de São Francisco (SFO), CA USA, sentiu a necessidade de encontrar uma solução diferente para gerenciar as novas empresas de transportes e turismo.

A própria natureza das empresas de transporte e turismo mostravam que as pessoas utilizavam muito mais carros pessoais (alugados ou próprios) e colocar um transponder em cada um deles seria totalmente inviável.

Este foi o grande desafio para o CIO e seu aeroporto, que só tinha uma alternativa: “Interromper o sistema”.

Ian Law e sua equipe de TIC projetaram um sistema que aproveita o Uber e aplicativos GPS Lyft.

Esta equipe montou uma “geo-fence” ou seja uma cerca de georreferencia, que é acionada cada vez que alguém esteja executando o aplicativo e violar o perímetro da cerca, com esta informação permite ao aeroporto acompanhar as transações e cobrar a taxa acordada na licença de operação devida pelos transportes de pessoas e do turismo no aeroporto.

O Artigo de David ainda continua discorrendo que embora alguns CEOs possam reconhecer que empresas como Uber, Taxi 99, Airbnb, Booking, TripAdvisor estão interferindo e interrompendo o mundo dos negócios em seus padrões estabelecido, muitos ainda mantêm uma atitude esperar e ver.

Esperar e ver é uma pura ilusão que pretende responder em uma única vez a ameaça identificada no negócio.

Em uma época de interrupção digital, esperar até que uma ameaça esteja clara é muitas vezes tarde demais. Sem tempo para reagir e responder de forma eficiente e que minimize os impactos de seu negócio, isto simplesmente pode acabar com ele.

David Mitchel Smith, adverte que o CIO (Chief Information Officer) e sua equipe de arquitetura envolvidos na construção e ou expansão do negócio digital estão lidando em um ritmo muito intenso e crescente de inovação, o que é muito perturbador para sua a capacidade escalar de crescimento.erença entre fazer crescer ou decrescer o desempenho na curva geométrica de sua atividade ou mesmo no negócio em si, está na capacidade do CIO em se envolver com o sucesso desta interrupção.

“Os verdadeiros inovadores que afetam as mudanças não apenas inovam, eles interferem mudam fundamentalmente a dinâmica das situações em que eles se encontram”. Diz David Mitchel, que demonstra muito claramente a Interrupção e Ruptura Digital provocada pela equipe de TIC de Ian Law no caso das taxas cobradas pelo aeroporto de San Francisco.

“Quando a organização média não é mais surpreendida pela Interrupção e Ruptura Digital, mas em vez disso a utiliza como uma ferramenta de competição normal, com dinâmica organizacional, com a natureza do planejamento estratégico, com os investimentos essenciais e prioritários, juntamente com as tecnologias em uso só pode acontecer a orientação adequada para o futuro de novos negócios com sucesso garantido”.

Estas observações de David Mitchel Smith deveriam ecoar dentro de nossos órgãos governamentais e até mesmo dentro das prefeituras e cooperativas que se prendem a velhos paradigmas negando-se a reconhecer o novo e buscar novas maneiras de criar a Interrupção e Ruptura Digital com novos modelos que tragam benefícios para o negócio e para a população em detrimento de posicionamentos pessoais, individuais e interesses esquivos.

Pensar na Interrupção e Ruptura Digital é trazer novos modelos de negócios que sejam inclusivos e abarquem toda a comunidade, não só a local, mas a comunidade global em que vivemos e que tanto necessita ser satisfeita em suas necessidades mais básicas.

Economia Compartilhada uma modalidade econômica futurística

Economia Compartilhada uma modalidade econômica futurística

Art082017_0-300x169 Economia Compartilhada uma modalidade econômica futurística

No último mês de 2017, em um de seus artigos, April Rinne, autoridade Global, especialista em economia compartilhada e consultora focada em cidades inteligentes, políticas, turismo sustentável, investimentos de impacto e desenvolvimento global escreveu um artigo muito interessante. What exactly is the sharing economy? Em português poderíamos dizer: “O que é exatamente a Economia Compartilhada”, escrito especialmente para o Fórum Econômico Mundial.

O artigo nas primeiras linhas relembra a sua participação no Fórum Econômico de Davos em 2013, quando, pessoalmente, fez uma pesquisa a cada participante questionando se já haviam ouvido termo “sharing economy” (economia compartilhada). O resultado foi de que noventa por cento (90%) disseram que não, cinco por cento (5%) presumia que se tratava de uma economia com base em trocas e os cinco por cento (5%) restantes configuravam uma afirmação de que as novas tecnologias reconhecidas e as redes peer-to-peer (ponto a ponto) estavam permitindo modelos de negócios emergentes.

Já em 2017 quando escreveu o artigo ela constatou que a realidade havia se transformado totalmente, que tal modalidade econômica é pauta de notícias diárias e gera uma lista enorme e incompreensível de termos relacionados como, Gig Economia, Economia Solidária, Economia Colaborativa, Economia de Pares, Economia Uberizada e etc…

Art082017-300x198 Economia Compartilhada uma modalidade econômica futurística

Órgãos como o Harvard Business e o Financial Times questionam o termo “economia compartilhada” quando se tem uma empresa mediando a oferta e a demanda. Em geral os consumidores transferem valor lucrativo para o mediador já não é compartilhamento, mas a busca do lucro e da negociação ganha – ganha.

Por ter crescido, a Economia de Compartilhamento, passou a ser vítima de seu sucesso e sua definição acabou recebendo uma variedade de significados, muitas vezes usada para descrever uma transação digital on-line na aquisição de bens e serviços. A premissa comum é que quando se tem em tempo real o compartilhamento de informação através de um mercado on-line de valores, quantidades e disponibilidade de bens e serviços o valor destes tendem a aumentar para o negócio, o indivíduo, para a comunidade e até mesmo para a sociedade em geral.

Compartilhamento, o verdadeiro espírito em que ativos subutilizados possam ter papel de reaproveitamento em diversas comunidades e grupos sociais é o que defendem os grupos e pessoas que desejam realizar e efetivar conceitos de cooperação e compartilhamentos na sociedade, e são muitos que tem este objetivo.

Apesar de exemplos como UBER, AirbnB, Booking, TripAdvisor e muitos outras formas de negócios criados ultimamente, são faces desta economia e acabamos por nos certificar que existe inúmeros outros espíritos que ainda não foram definidos claramente como vários modelos desta “nova economia”.

Podemos exemplificar vários tipos destas novas economias.

Economia Compartilhada: foco na partilha de ativos subutilizados, monetizados ou não, de forma a melhorar a eficiência, a sustentabilidade e a comunidade.

Economia Colaborativa: foco em formas colaborativas de consumo, produção, finanças e aprendizagem (o “consumo colaborativo” é mais próximo da definição de economia compartilhada ortodoxa).

Economia sob demanda: foco na provisão sob demanda (“on-demand”) isto é, imediata e baseada em acesso de bens e serviços.

Gig economia: foco na participação da força de trabalho e geração de renda através de uma força de trabalho independente, com um novo modelo de contratação, projetos únicos ou tarefas para as quais um trabalhador é contratado. Em geral têm se uma sobreposição limitada com compartilhamento de habilidades.

Economia freelance: foco na participação da força de trabalho e na geração de renda por freelancers, também conhecidos como trabalhadores independentes e trabalhadores por conta própria. Também em geral apresenta uma sobreposição limitada com compartilhamento de habilidades, os compromissos do freelance são geralmente maiores e mais profundos do que os mencionados na Gig Economia.

Economia de pares: foco em redes peer-to-peer (P2P) (ou ponto a ponto, par a par) na criação de produtos, entrega de serviços, financiamento e tantos outros tipos focados em associações das mais diversas.

Acesso à economia: foco no “acesso sobre a propriedade” (sobrepõe-se ao compartilhamento, e claramente não é compartilhamento de forma alguma.). É um modelo de negócios onde bens e serviços são negociados com base em acesso, em vez de propriedade: refere-se ao aluguel de coisas temporariamente em vez de vendê-las permanentemente. O termo surgiu como uma correção para o termo economia compartilhada, porque os principais atores na economia compartilhada, em geral, são empresas comerciais cujas empresas não se envolvem em qualquer compartilhamento.

Economia da multidão: foco em modelos econômicos alimentado por um número incontável de atores “a multidão”, incluindo, entre outros, crowdsourcing (fontes de multidões, uma pratica para a obtenção de informações ou insumos em uma tarefa ou projeto, alistando os serviços de um sem número de pessoas, pagas ou não pagas) e crowdfunding (levantamento de fundos, ou seja, por participação financeira como uma popular vaquinha, modelo conhecido para juntar fundos).

Economia digital: foco em qualquer coisa alimentada por tecnologias digitais.

Economia de plataforma: foco em qualquer coisa alimentada por plataformas de tecnologia centrada, onde lideres industriais desencadeiam o poder da tecnologia para desenvolver novos modelos de negócios baseados em plataformas e estratégias que impulsionam uma mudança macroeconômica global nunca visto desde a revolução industrial.

O que vemos é uma intersecção muito grande entre estes modelos e fica fácil de encontrar uma plataforma com múltiplas definições. TaskRabbit é uma plataforma indiscutivelmente com um pé na economia sob demanda, Gig, colaborativa e de compartilhamento (assumindo que as habilidades do Tasker estavam anteriormente subutilizadas).

Um outro exemplo é o inventário de compartilhamento de casas no Airbnb que faz claramente parte da economia de compartilhamento, enquanto as alocações corporativas de curto prazo em tempo integral não são necessariamente assim, e mais provável estão na economia de acesso.

Estar atualizado com estes modelos é o grande desafio do profissional do futuro para enfrentar mudanças que deverão quebrar muitos paradigmas econômicos que gestarão com certeza uma nova ordem social e política no nosso planeta.

Genaro Campoy Scriptore

Até o Diabo se veste politicamente correto para construir marca pessoal

“A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”

Tenho observado o fenômeno comportamental nas relações humanas que carregam em si atitudes dirigidas a construir comportamentos politicamente corretos em celebridades, personagens da mídia do momento, políticos e lideres empresariais que se revezam nos elogios entre si por atitudes robóticas que imprimem um certo ar de consenso carreirista.

Nas redes sociais é muito fácil distinguir tal comportamento onde a discordância consensual pode significar o alijamento da participação e o isolamento da personagem discordante sendo uma busca incessante por obter unanimidade e unidade de pensamento em grupos que incoerentemente se dizem diverso, respeitoso e até mesmo libertário.

É muito comum observar que certas críticas ou até mesmo comentários discordantes passam por análise da censura pessoal sendo excluídas, deletadas e até mesmo editadas para atender as exigências daqueles que cultuam a unanimidade de opiniões. Já dizia Walter Lipman: “Quando todos os homens pensam da mesma forma, ninguém pensa muito.” (When all men think alike, no one thinks very much.) e Nelson Rodrigues: “Toda a unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”.

Pior do que o comportamento politicamente correto como padrão mínimo de comportamento é o desvio de comportamento sob a pretensão de ser responsável, ético e politicamente correto nas vistas da sociedade enquanto particularmente e individualmente apresenta-se comportamento e sintomas de desvios de personalidade e caráter sem ética a que se pretende na construção do marketing pessoal.

No ano 63 A.C nas festividades de Bona Dea (Boa Deusa) reservada somente ao público feminino contou com a presença de Públio Clódio Pulcro jovem patrício que ousou invadir o festival fantasiado de mulher com o propósito de seduzir Pompéia, mulher de Júlio César. Sem ter provas contra o invasor, mesmo assim César se divorciou de Pompéia considerando que “minha esposa não deve estar nem sob suspeita”, o que originou o ditado “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”

Atitudes travestidas pela mídia como de humildade, espírito de equipe, respeito, competência e perfeição, mesmo parecendo absolutamente éticas carregam em si próprias a imperfeição do ser humano escondidas em egos carregados de orgulho, recompensa material, medo, sobrevivência e outros instintos que se escondem em detrimento do não bastar ser, mas do parecer ser, para poder desfrutar o verdadeiro “status quo” de liderança e poder que tanto se almeja.

Liderança nos dias de hoje é palavra mágica para atribuir exemplos que endeusam personalidades apáticas, mas que parecem simpáticas nas construções de interesses particulares e pessoais.

Marketing pessoal é uma ferramenta usada para promoção pessoal de modo a alcançar o sucesso. É uma estratégia usada para “vender” a imagem, e influenciar a forma de como pensam as pessoas para uma olhar positivo da pessoa que dispara a estratégia. É exatamente assim que se define a construção de uma Marca (Brand) pessoal.

Este procedimento traz alguns sérios questionamentos:
Como podemos dissociar capacidade de comunicação da inteligência emocional interiorizada? Ou postura profissional adequada do verdadeiro conjunto de valores éticos e pessoais? Como os cuidados com a aparência podem influenciar as etiquetas sociais formais ou informais adequadas? Como a criatividade e Inovação podem agredir a sociabilidade e socialização em grupo? E para aumentar ainda mais o horizonte do pensar, como as qualidades da humildade podem conviver com o caráter altivo, ambicioso, determinado e geralmente egocêntrico dos lideres modernos?

Algum profissional de marketing que provavelmente conhecia bem os escritos de Cicero, Dião Cassio e Suetônio narrando as atitudes de Pompéia, mulher de Júlio César e seus descuidos junto a personalidade de César, soube inverter bem a história e nos anos 80 criou um comercial de Shampoo para combater a caspa que dizia: “Parece remédio, mas não é….”

Parecer e ser são verbos muito distintos, parecer predicativo e pronominal exige o esforço de ter o aspecto, a aparência ou até mesmo se transmudar em semelhante. Enquanto o verbo ser predicativo, intransitivo, auxiliar e várias outras modalidades gramaticais não exige esforço nenhum, simplesmente é, está, existe, subsiste, vive, possuí identidade própria e capacidade inerente a ele mesmo.

Por isso que o humano carrega em si a imperfeição, capacidade inerente de se permitir ser falho e carregar diversas outras imperfeições.

O parecer é o pior que pode acontecer ao ser humano, já que as falhas e as imperfeições são jogadas para baixo do tapete e o pior é que sempre alguém descobre a sujeira. E quando isto acontece exige-se mudança imediata.

O profissional de marketing e propaganda é expert em fazer parecer, poderíamos aqui listar uma série deles, inclusive com prêmios nacionais e internacionais em diversas categorias que quebraram paradigmas, cases de verdadeiro sucesso, porém sem nunca mencionar um aspecto sequer das fraquezas empresariais, mesmo por que isto seria uma arma nas mãos de profissionais com competência.

E aqui é onde reside o meu ponto: basta ter um pouco de reflexão, compreensão, leitura, competência e capacidade analítica para perceber as imperfeições ignoradas nos cases de sucesso badalados pela mídia de marketing para ver que “Até o diabo se veste de politicamente correto para construir uma marca pessoal”.