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Quadro As duas Fridas – Frida Khalo |
Diante de tantas argumentações e reflexões vivenciadas no período eleitoral brasileiro em 2022, advindas desde o mais simples cidadão até as mais complexas mentes intelectuais que conheço, saltaram-me à vista, principalmente nas argumentações, à maneira com que atingiram meu intelecto nestes últimos dias.
Uma das faces que transbordaram nas redes sociais e nos grupos de conversas denominarei aqui de a “reflexão dos influenciadores”.
Descartando o grau cultural, social e até mesmo intelectual dos agentes influenciadores, pude observar que fica fácil se posicionar como tal desconhecendo as ferramentas mais óbvias de um influenciador, como:
- Refletir com o domínio das emoções, para não transparecer o lado sombrio que todos escondemos em nosso interior.
- Refletir com eloquência, usando a comunicação verbal e não verbal adequada para receber o devido crédito em suas críticas e posições.
- Utilizar a empatia de maneira a ocupar o lugar do outro, descentrar de convicções e de padrões pré estabelecidos para passar uma mensagem de confiança.
- Demonstrar inovação, criatividade, gerando mensagens arrojadas e novas, com humor, utilizando comunicação não verbal que tem olhar no olhar, leveza e trata seus interlocutores com cuidado respeito e admiração.
- Valendo-se de propiciar desafios com o objetivo de vencer atitudes difíceis, mas não impossíveis com senso de inteligência e realidade.
- E por fim, considerando as próprias reflexões como modelo, que tanto pode servir de guia aos seus interlocutores como pode despertar reflexões vindas dos interlocutores que guiarão o próprio influenciador em uma nova forma de pensar, é um caminho para construir e ser construído.
Notadamente, sem estas ferramentas muitas destas reflexões passam a ser o que denominarei aqui de “reflexão dos manipuladores”, construídas através de:
- Desconhecimento da verdade, que em geral são reflexões com a profundidade de uma poça d’água, feitas de perguntas enganosas, geralmente carregadas de medo seguidas por falsas interpretações de alívio.
- Quase sempre tais reflexões escondem em suas entrelinhas um culpado, a culpa sempre será de alguém ou de alguma coisa que transformam reflexões e pessoas em verdadeiras vítimas causando direcionamento falso das decisões finais do indivíduo.
- Tais reflexões tendem a subornar ideais e valores estabelecidos que destroem o caráter ético e responsável, sempre de maneira subliminar e inconsequente.
- São reflexões rasas e imprecisas, carregadas de ódio, violência e até mesmo de nivelamento ditatorial que justifica ações para outros, nunca para si mesmo.
Num momento tão delicado que vivemos em nossa história, só o bom senso não basta para direcionar as atitudes dos indivíduos.
Abraçar opiniões alheias de falsos influenciadores que têm a face dissimulada dos manipuladores é abraçar a fantasia perigosa no engajamento de lutas desconhecidas e sem sentido, é distanciar-se das ideais edificantes dos espíritos esclarecidos que colocam a luz no alto da sala para iluminar o ambiente, é abraçar o comportamento dos espíritos deseducados, impolidos, grosseiros, néscios e obtusos que escondem a luz sob o leito da conveniência provocando assim a penumbra e a escuridão intelectual.
Ainda que a manipulação desconstrua o intelecto da sociedade, provoque um abismo entre o responsável social e egocêntrico manipulador acomodado, ainda assim ponho toda a minha esperança na luz das reflexões dos espíritos esclarecidos, na “reflexão dos influenciadores” que através de atitudes, de exemplos carregados de responsabilidades deitarão luz e convencimento no ambiente de insensatez e ignorância, habilitando pessoas e instituições na construção de uma sociedade mais justa, solidária e equitativa.
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