Economia Compartilhada uma modalidade econômica futurística
No último mês de 2017, em um de seus artigos, April Rinne, autoridade Global, especialista em economia compartilhada e consultora focada em cidades inteligentes, políticas, turismo sustentável, investimentos de impacto e desenvolvimento global escreveu um artigo muito interessante. What exactly is the sharing economy? Em português poderíamos dizer: “O que é exatamente a Economia Compartilhada”, escrito especialmente para o Fórum Econômico Mundial.
O artigo nas primeiras linhas relembra a sua participação no Fórum Econômico de Davos em 2013, quando, pessoalmente, fez uma pesquisa a cada participante questionando se já haviam ouvido termo “sharing economy” (economia compartilhada). O resultado foi de que noventa por cento (90%) disseram que não, cinco por cento (5%) presumia que se tratava de uma economia com base em trocas e os cinco por cento (5%) restantes configuravam uma afirmação de que as novas tecnologias reconhecidas e as redes peer-to-peer (ponto a ponto) estavam permitindo modelos de negócios emergentes.
Já em 2017 quando escreveu o artigo ela constatou que a realidade havia se transformado totalmente, que tal modalidade econômica é pauta de notícias diárias e gera uma lista enorme e incompreensível de termos relacionados como, Gig Economia, Economia Solidária, Economia Colaborativa, Economia de Pares, Economia Uberizada e etc…
Órgãos como o Harvard Business e o Financial Times questionam o termo “economia compartilhada” quando se tem uma empresa mediando a oferta e a demanda. Em geral os consumidores transferem valor lucrativo para o mediador já não é compartilhamento, mas a busca do lucro e da negociação ganha – ganha.
Por ter crescido, a Economia de Compartilhamento, passou a ser vítima de seu sucesso e sua definição acabou recebendo uma variedade de significados, muitas vezes usada para descrever uma transação digital on-line na aquisição de bens e serviços. A premissa comum é que quando se tem em tempo real o compartilhamento de informação através de um mercado on-line de valores, quantidades e disponibilidade de bens e serviços o valor destes tendem a aumentar para o negócio, o indivíduo, para a comunidade e até mesmo para a sociedade em geral.
Compartilhamento, o verdadeiro espírito em que ativos subutilizados possam ter papel de reaproveitamento em diversas comunidades e grupos sociais é o que defendem os grupos e pessoas que desejam realizar e efetivar conceitos de cooperação e compartilhamentos na sociedade, e são muitos que tem este objetivo.
Apesar de exemplos como UBER, AirbnB, Booking, TripAdvisor e muitos outras formas de negócios criados ultimamente, são faces desta economia e acabamos por nos certificar que existe inúmeros outros espíritos que ainda não foram definidos claramente como vários modelos desta “nova economia”.
Podemos exemplificar vários tipos destas novas economias.
Economia Compartilhada: foco na partilha de ativos subutilizados, monetizados ou não, de forma a melhorar a eficiência, a sustentabilidade e a comunidade.
Economia Colaborativa: foco em formas colaborativas de consumo, produção, finanças e aprendizagem (o “consumo colaborativo” é mais próximo da definição de economia compartilhada ortodoxa).
Economia sob demanda: foco na provisão sob demanda (“on-demand”) isto é, imediata e baseada em acesso de bens e serviços.
Gig economia: foco na participação da força de trabalho e geração de renda através de uma força de trabalho independente, com um novo modelo de contratação, projetos únicos ou tarefas para as quais um trabalhador é contratado. Em geral têm se uma sobreposição limitada com compartilhamento de habilidades.
Economia freelance: foco na participação da força de trabalho e na geração de renda por freelancers, também conhecidos como trabalhadores independentes e trabalhadores por conta própria. Também em geral apresenta uma sobreposição limitada com compartilhamento de habilidades, os compromissos do freelance são geralmente maiores e mais profundos do que os mencionados na Gig Economia.
Economia de pares: foco em redes peer-to-peer (P2P) (ou ponto a ponto, par a par) na criação de produtos, entrega de serviços, financiamento e tantos outros tipos focados em associações das mais diversas.
Acesso à economia: foco no “acesso sobre a propriedade” (sobrepõe-se ao compartilhamento, e claramente não é compartilhamento de forma alguma.). É um modelo de negócios onde bens e serviços são negociados com base em acesso, em vez de propriedade: refere-se ao aluguel de coisas temporariamente em vez de vendê-las permanentemente. O termo surgiu como uma correção para o termo economia compartilhada, porque os principais atores na economia compartilhada, em geral, são empresas comerciais cujas empresas não se envolvem em qualquer compartilhamento.
Economia da multidão: foco em modelos econômicos alimentado por um número incontável de atores “a multidão”, incluindo, entre outros, crowdsourcing (fontes de multidões, uma pratica para a obtenção de informações ou insumos em uma tarefa ou projeto, alistando os serviços de um sem número de pessoas, pagas ou não pagas) e crowdfunding (levantamento de fundos, ou seja, por participação financeira como uma popular vaquinha, modelo conhecido para juntar fundos).
Economia digital: foco em qualquer coisa alimentada por tecnologias digitais.
Economia de plataforma: foco em qualquer coisa alimentada por plataformas de tecnologia centrada, onde lideres industriais desencadeiam o poder da tecnologia para desenvolver novos modelos de negócios baseados em plataformas e estratégias que impulsionam uma mudança macroeconômica global nunca visto desde a revolução industrial.
O que vemos é uma intersecção muito grande entre estes modelos e fica fácil de encontrar uma plataforma com múltiplas definições. TaskRabbit é uma plataforma indiscutivelmente com um pé na economia sob demanda, Gig, colaborativa e de compartilhamento (assumindo que as habilidades do Tasker estavam anteriormente subutilizadas).
Um outro exemplo é o inventário de compartilhamento de casas no Airbnb que faz claramente parte da economia de compartilhamento, enquanto as alocações corporativas de curto prazo em tempo integral não são necessariamente assim, e mais provável estão na economia de acesso.
Estar atualizado com estes modelos é o grande desafio do profissional do futuro para enfrentar mudanças que deverão quebrar muitos paradigmas econômicos que gestarão com certeza uma nova ordem social e política no nosso planeta.
Genaro Campoy Scriptore
Sobre o autor