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Foto Google Maps em 20 de setembro de 2020 |
Se as coisas são inatingíveis… ora!
não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!
Mario Quintana
Livro Espelho Mágico – Das Utopias
Para aqueles que se acham orgulhosos de suas posições políticas, e de como se envaidecem com o fato de ser de direita ou esquerda, a pesquisa e estudo seria de grande valia para entender um pouco mais sobre o significado de tais posições, que são herança de discussões acirradas na busca de reconhecimento social, da liberdade de expressão, liberdade política e de participação democrática.
Na monarquia parlamentarista inglesa, na Assembleia Nacional Francesa, na Assembleia das Cortes Portuguesas e em todos locais onde funcionavam as discussões políticas, por tendência de aglutinação, debatedores se posicionavam a direita ou a esquerda do ponto central que atuava na presidência da mediação.
De um lado, aglutinavam-se os debatedores com perfis conservadores, características daqueles que defendiam as ordens instituídas preservando os ritos e costumes históricos já adquiridos nacionalmente. De outro lado os perfis liberais, características daqueles que defendiam novas ideias que estabelecessem novos e modernos ritos para serem absorvidos nacionalmente.
Tais posições poderiam ser encontradas tanto a esquerda ou direita da presidência da mediação.
Para um observador mais apurado, das reuniões sociais dos dias de hoje, confirmaria atentamente que sempre teremos grupos ou pessoas unidos a direita ou a esquerda de alguém, ou de uma mesa central que de alguma maneira ocupará uma posição mediadora, por um determinado tempo. Não é raro verificar que muitos, nestas reuniões, passam da esquerda para direita com bastante frequência, enquanto outros não arredam pé de sua posição nem para buscar comida ou bebida.
Independente das ideologias da esquerda ou direita a verdade é que sempre teremos estes que tendem a ser conciliadores, geralmente aqueles que passam da esquerda para a direita recolhendo subsídios para definir sua posição, ou seja, buscando identificação para se fixar nos grupos da direita ou da esquerda.
Democracia não é só um regime político que tem origem na eleição de representantes do povo, elegíveis para o seu governo, mas sim na prerrogativa de conceder o direito de participar nestas reuniões de forma livre conferindo passe, convite, ou até mesmo uma senha para podermos ingressar em evento social, fixando-nos a direita, a esquerda ou passeando entre os dois.
O espírito conservador não está somente na defesa do direito de propriedade, ao uso de arma de fogo ou a um governo executivo centralizado e poderoso, que possa extinguir o Senado, a Câmara e o Supremo Tribunal Federal, apoiado por forças militares, como em um passe de mágica. Esta sim, no espírito de quem manifesta claramente a defesa ao estado de direito e na garantia dos três poderes igualmente balanceados (Executivo, Legislativo e Judiciário), no combate da impunidade e corrupção, na defesa de soluções que aumentem ainda mais a representatividade da vontade popular e o respeito às autoridades constituídas.
O espírito liberal ou progressista não está somente na desregulamentação do mercado, na criação de mecanismos que subvertem leis estabelecidas para atender demandas de interesse de grupos sociais, financeiros ou econômicos. Nem tampouco na desobediência civil desenfreada, que só têm validade quando a vontade popular é maior, quantitativamente, do que os interesses de grupos refugiados por leis que atentem contra o artigo 5º da Constituição: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (mais 78 incisos e alíneas)”
Nossa Constituição garante tanto ao conservador como liberal ou progressista, formular, comunicar, escrever, defender pontos de vistas e convicções políticas, religiosas, ou seja, todos podem se colocar como desejar entre a direita, centro e a esquerda.
O que não parece ser desejo de nenhuma nação é o de rasgar suas Cartas Régias, sua Constituição, permitir que indivíduos acima da lei e das normas possam, reprimir a vontade popular utilizando-se de armas e suspendendo garantias individuais com atitudes antidemocráticas historicamente clássicas nos regimes autoritários e despóticos.
Quando uma sociedade chega ao desespero de utilizar a força, o autoritarismo, a determinação de um único pensamento individual para definir seus destinos, fica claro, que não é uma sociedade, uma nação, mas sim um curral de indivíduos liderados por um despótico que determina a direção da população encurralada.
Em geral, governantes são acometidos da “Síndrome de Húbris”, uma doença estudada neste início do Século XXI, que estuda o poder e a doença que ele acomete, como uma embriaguez de poder que provoca a perda e o sentido da realidade nacional, desperta a soberba, a presunção e a persistência perversa em políticas nascidas da cabeça de um único indivíduo que não consegue avaliar os sinais positivos ou negativos de seus atos.
O medo, o receio, a precaução, são sentimentos que têm por finalidade proteger o ser humano. Mas quando esta finalidade se torna exacerbada provoca diversos desvios psicológicos. Atos desesperados em controlar sentimentos, eventos, possibilidades futuras ainda inexistentes, variáveis exógenas incontroláveis como fenômenos naturais e até mesmo patologias ainda não diagnosticadas.
Uma sociedade democrática não é compatível com sociedades secretas, a não ser as legalmente prevista, que protegem o interesse nacional. Fora disto fica claro que o direito de associação é previsto por lei e tem como base a transparência, garantido pelo direito constitucional. Porém todo aquele que tem cargo público, por ética, deveria manifestar a sua associação junto a entidades empresariais e desportivas, sociedades culturais políticas e científicas. Tal condição faz da sociedade mais transparente e garante a liberdade de escolha do indivíduo a buscar a direita, esquerda ou o centro.
Uma nação só consegue ter a paz necessária para reger os seus destinos quando a direita respeita a esquerda e vice versa. Quando o centro, entre a esquerda e a direita seja respeitado e respeite com dignidade a esquerda e a direita. Todos se respeitando como nação e não como animais racionais encurralados na disputa de um espaço para atender suas necessidades materiais.
Extratos sociais que se consideram influenciadores e formadores de opinião, como classes privilegiadas e que estão no topo da pirâmide social, não podem negar a validade do voto de quem está nos estágios intermediário e na base da pirâmide social somente por que residem na periferia, no centro ou nos bairros operários, sob a alegação que se trata de população burra, incompetente e de fácil manobra. Falsa alegação, se assim fosse, os extratos sociais no topo do poder estariam indefinidamente no poder. Tais extratos sociais são minorias diante da grande população e acham que podem manipular em uma guerra de direita, centro e esquerda a representatividade da grande quantidade de votos que vem dos bairros operários, das favelas e da periferia.
Como diria um mestre que tive no colégio: “Manipular, mascarar, enganar, oprimir pelo medo, oprimir pela ironia e sarcasmo são armas de falsos guerreiros que sempre acabam nas mãos de alguém mais inteligente, transparente e que tem seu domínio fundado na verdade”
A desvalorização do outro pela mentira, pela falsidade e hipocrisia um alguns momentos surtem alguns efeitos, mas o tempo, a razão e os fatos de forma natural e organizada, conseguem definir claramente e registrar as linhas da verdade no conteúdo histórico de uma nação.
Por isso, não importa a posição que você ocupe, direita, centro ou esquerda, qualquer uma delas é parte integrante da cidadania do brasileiro, queira você aceite ou não. O que é repudiado, o que não é aceito e degrada a condição de cidadania, é obrigar todos a uma única posição. Fato impossível de acontecer e nunca acontecerá em razão da formação gentílica, fundada nos índios, negros, portugueses e imigrantes europeus que construíram o Brasil de todos os Brasileiros. Claro que alguns desesperadamente buscam trocar sua nacionalidade na tentativa de negar sua nacionalidade e se afastam dos desafios nacionais, para se locupletar com os benefícios sociais de outras nações europeias, americanas e até mesmo asiáticas. Ainda assim serão brasileiros, no coração, na alma e no caráter, pois não se consegue mudar a história pessoal, familiares, seu local de nascimento, suas paisagens, seu território ou seu idioma materno.
A fonte original de poder de uma sociedade, não concede mais ou menos direitos para alguns indivíduos do que aos outros, independente de suas profissões, de seus papéis sociais, seus relevantes serviços prestados ou mesmo de seus dotes culturais ou artísticos. Basta que se some os direitos cívicos dos integrante de uma nação para se conhecer os destinos de uma nação em busca da construção de sua soberania nacional.
Portanto, estando à direita, no centro ou na esquerda, fazemos parte do povo brasileiro, povo nacional, fonte de poder da sociedade brasileira, parte de uma pluralidade de ideias compartilhadas que mantêm nossa soberania nacional, expressa pelo poder que reside em nosso povo, independente de qualquer interpretação pessoal, manifestado pelo sentido de que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
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