Arquivo mensal 08/04/2021

Uma Revisão Literária sobre Dante Alighieri pelo Visconde de Inhomirim.

Visconde_Dante-300x214 Uma Revisão Literária sobre Dante Alighieri pelo Visconde de Inhomirim.

O Visconde de Inhomirim e Dante Alighieri

 

Em comemoração aos 700 anos da morte de Dante Alighieri

Novamente o acaso, cruzando meu caminho. Durante minhas pesquisas na busca de subsídios para uma obra pessoal, encontro a figura do Visconde de Inhomirim, Francisco de Sales Torres Homem, carioca, escritor, político, formado em medicina e direito, diplomata do segundo império, opositor ferrenho da Regência Una do Padre Diogo Feijó, cujas críticas transbordavam nos jornais da imprensa do segundo império.

Discípulo de Evaristo da Veiga, Torres Homem, formado na Universidade de Paris, Sorbonne, França, dominava o francês, inglês, latim e português com maestria. Filho de um padre de vida desregrada, chamado Apolinário Torres Homem e de Maria Patrícia, mulher negra alforriada, que no Rio de Janeiro, Largo do Rosário, hoje Praça Antonio Prado, exercia a profissão de quitandeira. Nesta região, era conhecida como Maria “Você me mata”.

Francisco Sales Torres Homem, o primeiro negro a defender a causa abolicionista, ilumina o intelecto do leitor do jornal O Despertador: Diário Comercial, Político, Científico e Literário do Rio de Janeiro, por ele dirigido durante os anos de 1838 a 1841, com um estudo literário sobre Dante Alighieri. Esta publicação do dia 6 de dezembro de 1839, edição de número 500, páginas 1 e 2, é de uma extraordinária riqueza de detalhes que nos dias de hoje poderia facilmente ser tema para uma tese universitária.

Conta Torres Homem que, no século 14, a língua e a poesia italiana não existiam ainda e que foi fertilizada pelas obras de três grandes renascentistas: Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Bocaccio.

Para Torres Homem, Dante Alighieri é a estrela principal entre os três. Com base na crítica do seu professor do Curso de Literatura Francesa, (Cours de littérature Française), Abel-François Villemain, e por algumas ideias que teria retirado da Biblioteca Acadêmica da Universidade de Paris.

Torres Homem, compara Dante Alighieri a Homero, figuras que prestaram serviços significativos ao idioma de seus países. Dante teria encontrado a língua italiana nas mesmas condições que Homero encontrara o grego popular. Uma língua informe, falada em dialetos que variava de província a província, de vila a vila, o que descaracterizava o idioma pátrio. Para unifica-lo era preciso que aparecesse um escritor que tivesse a habilidade de sujeitá-lo ao seu talento, fazendo brilhar, como um meteoro, a sua poesia e sua escrita, criando um espetáculo literário que iluminasse o mundo todo, assim como fez Homero.

Segundo Torres Homem, Dante Alighieri foi para a Itália, o genial escritor e literato que em uma terra inculta, realizou o primeiro trabalho no qual o idioma se sujeita ao estilo poético, criativo e engenhoso do autor. Adaptou-o a assuntos vários, tornou-o flexível a todas as nuances de sentimentos, buscando nos diversos dialetos falados na península itálica as locuções mais felizes e as palavras mais significativas incorporando-as em sua obra, assim como a abelha que do pólen de várias flores cria o suco dulcíssimo do mel.

Esse poeta dedicou seus primeiros versos a uma bela jovem, chamada Beatriz que, em Florença, viu a morte chegar prematuramente, plantando na mente laboriosa do escritor, sentimentos de um amor ardente e permanente, cheios de sensibilidade doce e terna, carregados do perfume da mais suave melancolia.

Conta-nos o Visconde que certo dia, no ano 1304, visitou Florença o Cardeal bispo de Óstia-Velletrio, Niccollò Albertino, filho do conde de Prato, também chamado como Niccolò da Prato, ou Nikolaus von Prato. Durante esta visita divulgou-se, ao som de trombetas, que aqueles que desejassem receber notícias do outro mundo, do mundo invisível dos mortos, deveriam vir à ponte “Alle Carraia”, a segunda ponte construída sobre o Rio Arno, feita de pedra e madeira e que ligava Florença ao interior da Itália. Na Ponte foi levantado um teatro onde artistas usando máscaras demoníacas, representavam os suplícios do inferno, precipitando-se em chamas, interpretando condenados rangendo dentes e desferindo gritos horríveis sobre a plateia atônita. Em um determinado momento, a Ponte não suportou o peso da multidão e dos artistas e desmoronou. A curiosidade com as coisas do outro mundo, agora, se tornava realidade para as pobres vítimas do evento, vitimadas de forma mortal.

Torres Homem enfatiza que foram muitos os estudiosos de Dante Alighieri que referenciam este evento como a inspiração das primeiras ideias da “Divina Comédia”. O século 14, era um tempo em que a religião tudo influenciava – superstições, o pecado, o medo e até mesmo a submissão clerical devotada por fiéis católicos – o que abria, de certa forma, um caminho para a poesia e para a música, recheadas de curiosidade sobre a morte e a vida pós-morte. O povo julgava Dante Alighieri um viajante das regiões infernais, e dos meandros do purgatório, colecionador de mapas, itinerários e trilhas geográficas desses lugares desconhecidos.

Em certa ocasião, conta-nos o Visconde, que em uma rua de Verona uma mulher do povo mostrou-o à sua vizinha nestes termos: – “Vedes aquele homem, que vai ao inferno quando quer, e vem contar o que viu?”. Ao que outra respondeu que “não era difícil reconhecê-lo pela sua barba meio queimada, e pela tez enegrecida pelo fogo e o fumo”.

As disputas ocasionadas pelo clero e pelo Sacro Império Romano-Germânico geravam uma época de confusão e depressão e deram a Dante Alighieri uma rica fonte de inspiração, com episódios vários, até mesmo incluindo o próprio autor. Dante relata com paixão e maestria opiniões, costumes, conflitos de paixões e de acontecimentos.

A obra de Dante Alighieri apresenta um itinerário poético de três mundos, marcado por viagens através do Inferno, Purgatório e Paraíso. O viajante desce pelos dez recintos do inferno como se fosse, figurativamente, um cone com sua base circular voltada para cima, cuja ponta coincide com o centro da terra, local onde repousa o corpo de Lúcifer. Depois de passar pelo centro da terra, segue em tropa pelo hemisfério austral, até uma ilha onde se acha o Purgatório, montanha feita em cone truncado, cone com ponta achatada em formato cônico, onde se situa o Paraíso. Esta referida montanha com sete diferentes alturas, ou planos, da base até o cume onde termina o Purgatório e começa o Paraíso. Dante, depois de saudar a morada de nossos primeiros pais, continua sua jornada elevando-se até a morada de Ptolomeu na décima esfera, onde a divindade reside. Dia após dia, Dante nos proporciona um relato fiel do que viu e ouviu no caminho de suas aventuras.

Continua Torres Homem relatando que, no começo do canto do Paraíso, com seus arroubos de entusiasmo e suas frequentes invocações, as musas são carregadas de ingenuidade encantadora. Apavorado com a enorme tarefa que o força a subir o cume dobrado de duas colinas, pede a Apolo que tome conta de sua alma. Que faça cair sobre ele e sua missão os sons provocados pela sua lira que venceu a flauta do fauno Marsias, causador de tão desgraçado desafio musical entre ele e Apolo. A derrota do fauno trouxe como consequência o castigo terrível de ser amarrado a um tronco de árvore e esfolado vivo. O estudo do Visconde menciona que no Poema do inferno são elevados ao mais alto tom o negro e o terrível. Já no Purgatório pode se respirar a melancolia piedosa da penitência resignada, com ar sombrio, como um doce crepúsculo em perspectiva. No canto do Paraíso, a calma, a serenidade, o êxtase, o sublime da religião. Chama a atenção Torres Homem que os críticos são unânimes em afirmar, que a inscrição na porta do Inferno pode ser traduzida como a transcendência do terror:

“Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate!”

(Renunciai a toda esperança, vós que entrais) – Inferno Canto III

E ao passar por esta porta infernal, é impossível deixar de se escutar suspiros, soluços profundos, queixumes atrozes que retumbam nos dias e nas noites.

O patético e o terrível são extremamente aplicados no canto em que Dante narra a horrorosa história do conde Ugolino, que perece de fome com seus filhos na torre de Pisa. Com certeza este é um momento na obra que excede a qualquer obra produzida, impossível de ser lida sem o sentimento de piedade e terror, frisa Torres Homem.

E continua sua análise, com bastante propriedade:

“Que espetáculo oferecem esses meninos que, em seus sonhos, pedem pão com soluços e gritos dolorosos; e que, depois de acordados, imploram a compaixão de seu pai, também esfaimado, e passam dois dias a olhar uns para os outros com uma dor muda.” Inferno Canto XXXIII

O Visconde, em seu estudo, não perde um detalhe e traz em seus comentários que na passagem pelo Inferno Dante mostra seu espírito de sátira, de uma sátira violenta, atroz que, através das palavras enterra sua lâmina envenenada nos mais profundos recônditos da alma do leitor. Seria uma justificativa para tal espírito os infortúnios sofridos por Dante Alighieri? Seria este o gênio natural do poeta, que transitou entre Guelfos e Gibelinos? Guelfos, que se alinhavam ao clero, aos papas e à liberdade das cidades e os Gibelinos, que se alinhavam ao Imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Aqui inicia o Visconde uma análise pessoal de Dante Alighieri. Dante havia sido guelfo à frente da magistratura em Florença. Mas, uma divisão interna entre Guelfos Brancos e Guelfos Negros provocaram disputas e discórdias que não permitiram reconciliações. Depois de ter sido expulso de Florença, Donato Corsi, inimigo mortal de Dante Alighieri, retorna sob a proteção do papa Bonifácio VIII e de Carlos di Valois, filho de Felipe III, da França, este, para servir de pacificador entre Guelfos Brancos e Negros e reprimir as lutas entre as facções. Carlos di Valois, atendendo aos pedidos secretos do pontífice, reprime severamente o partido dos Brancos com uma longa série de exílios, assassinatos, confiscos e incêndios, favorecendo assim o triunfo dos Guelfos Negros. Tal violência acaba envolvendo também Dante Alighieri que, várias vezes, manifestou-se com muita dureza nos órgãos municipais contra a presença de Carlos de Valois em Florença.

Dante Alighieri, da mesma forma, seria expulso de Florença e passaria o resto de sua vida exilado de sua cidade, mas o seu rancor com o clero papal acaba por transforma-lo em um Gibelino, inimigo figadal dos papas.

O Visconde traz à lembrança que, “as feridas no coração do poeta Dante Alighieri gotejavam dor e sangue” e ao escrever sua obra prima durante os doze primeiros anos do seu banimento de Florença, elas se abriam a todo instante. E questiona veementemente, o Visconde, analista literário: “Devemo-nos, pois, admirar de ver o seu ressentimento em versos cheios de força e furor?”

Continua com bastante ênfase, que o tema escolhido por Dante Alighieri o deixava bastante à vontade para saciar a sua própria vingança. Seus inimigos o exilaram de sua pátria, ele também os exilará da pátria celeste e os mergulhará em lagos de fogo no inferno. O alvo se volta sem piedade para coroas reais, mitra episcopal, chapéu de cardeal, tiara sagrada de sumo pontífice. Para Dante, toda a Itália não é aos seus olhos “senão uma morada de dor, um navio sem piloto”, não é mais a rainha do mundo, “mas sim uma vil escrava, um lugar de crápulas e prostituição”:

Ahi, serva Italia, di dolore ostello,

(Ai, serva Itália, da dor albergue)

Nave senza nocchiero in gran tempesta,

(Navio sem timoneiro, na grande tempestade)

Non Donna di province, ma bordello.

(Não mulher da província, mas de bordel)

Purgatório Canto VI

O Visconde de Inhomirim afirma que a audácia de Dante Alighieri cresce à medida que se expõe a maiores perigos, e sobe ao cúmulo quando chega às ordens religiosas, aos papas e seus ministros. Amontoando no inferno papa sobre papa, fez de todos uma coleção perpendicular com a cabeça para baixo e os pés para cima.

Dante Alighieri reserva ao seu perseguidor, o papa Bonifácio VIII, todos os raios possíveis da vingança, descrevendo-o com as tintas mais negras retiradas do fel da amargura encravada nos recônditos da alma.

No inferno de Dante podem-se encontrar as mais variadas punições. Os preguiçosos e indolentes que, nem bem, nem mal fizeram, são condenados a correr incessantemente. Os heréticos estão estendidos em sepulcros ardentes de um vasto cemitério. Os suicidas, encerrados dentro de vegetais, são os hamadríadas; as ninfas dos bosques que na mitologia nasciam encerradas dentro de uma árvore, não reassumirão seus corpos no dia da ressureição, por que não seria justo que lhe restituíssem o que voluntariamente renegaram. (Inferno Canto XIII)

Assim narra, o Visconde:

“Os blasfemadores estão deitados em supinação sob as chamas que os envolvem! Os fogos de Sodoma caem em chuva sobre seus habitantes, e sobre os que lhes imitaram os costumes perversos. Os sedutores de mulheres são fustigados e cozidos em um lago de fogo, onde os demônios os viram, à semelhança de um cozinheiro experimentado que revolve à carne.” (Inferno Canto XXI)

Serpentes dilaceram os salteadores e assassinos, e os fazem passar pelas mais singulares metamorfoses. Enfim, um rio gelado é destinado aos traidores da pátria, seus parentes e benfeitores. (Inferno Canto XXXII)

Torres Homem chama a atenção para este canto XXXII, onde Dante, que conhecia como ninguém o som das palavras, busca versos roucos, duros, e receando que a língua italiana não lhe forneça os sons que deseja recorre ao expediente de endurecer o estilo, emprestando do alemão sons como: (1) Danoia in Ostericchi (rio Danúbio na Áustria), (2) Tambernicchi (nome antigo do Monte Tambura, na Toscana), (3) Pietrapana (nome antigo do monte Pania de la Croce, na província de Luca, na Toscana), (4) borda cricchi (Se essas montanhas, tivessem caído no lago de gelo, não teriam craquelado as camadas da borda).

“Non fece al corso suo sì grosso velo

(Não fez seu curso tão espesso véu)

Di verno la Danoia in Ostericchi (1)

(No inverno o Danúbio na Áustria)

Nè ’l Tanai tà sotto ’l freddo cielo,

(Nem o Tanai sob o céu frio)

Com’ era quivi: che se Tambernicchi (2)

(Como lá estava: que o Monte Tambura

Vi fosse su caduto, o Pietrapana (3)

Lhe tivesse caído sobre o Pietrapana

Non avria pur dall’orlo fatto cricchi (4)”.

(Não teria as bordas feito rachar)

Conclui Francisco de Sales Torres Homem, o Visconde Inhomirim, dizendo que a grande arte de Dante Alighieri está na maneira como ele combina sons, palavras e imagens. Talento poético que proporciona imagens encantadoras e singelas.

Como exemplo o Visconde toma os versos do Canto XXIII do Paraíso, que descreve a imagem do pássaro vigilante que, durante a escuridão da noite, repousa com seus filhos em um ninho oculto na espessura das folhagens, cuidando das suas crias implumes à espera de um novo dia.

Este canto é uma das imagens de Dante Alighieri mais citadas pelos críticos, no sentido de definir a pureza do amor divino, caridoso, esperançoso e triunfante nos cuidados pelos seus filhos.

Impossível não se enternecer com os versos deste canto:

Come l’augello intra l’amate fronde

(Com o pássaro entre amados ramos)

Posato al nido de’ suoi dolci nati,

(Pousado no ninho com seus doces rebentos)

La notte, che le cose ci nasconde,

(A noite, que as coisas nos escondem)

Che per veder gli aspetti desiati.

(Que ao ver os aspectos desejados).

E per trovar lo cibo onde li pasca.

(E encontrar comida para alimentá-los)

In che gravi labori li son grati,

(Em sérios trabalhos lhe são gratos),

Previene ’l tempo in su l’aperta frasca,

(Calcula o tempo em seu ramo saltitante),

E con ardente affetto il Sole aspetta,

(E, com ardente afeto, o sol espera),

Fiso guardando pur che l’alba nasca;

(Vigiando constantemente o nascer da alvorada).

O Covid-19 e a falência das relações sociais

 

Estas linhas são para você empresário, que reinventa seu negócio em plena pandemia, que descobre que a vida pode ser melhor com modelos revolucionários, como drive-through (através dos carros), e-commerce (comércio eletrônico), e home office (trabalho remoto), delivery (entrega), marketing place (local de compras virtual) e tantos outros termos que atualmente fazem parte do vocabulário de feirantes, nos locais onde se proliferam os ambulantes da economia informal e dos especialistas em negócios . Modelos criados há mais de 15 anos atrás, e só agora, dada   necessidade, mostram-se como infraestrutura mais adequada para a distribuição de produtos e serviços. A maximização da quantidade de entrega da massa de produtos e serviços para conseguir um resultado de troca monetária maior ou igual a conseguida nos dias de hoje, será uma determinante imprescindível. A especulação e o dinheiro fácil ganho nas custas de quem produz, ou ganho nas tetas do setor público de forma irresponsável não terá lugar na sociedade do futuro. A boa notícia é que os atravessadores, intermediários reticentes a qualquer tipo de mudança, lentamente serão extintos dos mercados. São estes os que estão prontos a exercer desobediência civil, são estes que desejam a volta do “status quo” anterior. Um ambiente que fique exatamente igual ao que era antes, o que é totalmente impossível, factível somente nas mentes dos fantasiosos.

Impossível deixar de mencionar, os funcionário de grandes empresas privadas, que se reinventaram no trabalho de home office (trabalho remoto), agilizando cada vez mais a sua atividade laboral e agora não precisando reivindicar mais qualidade da comida produzida nos restaurantes das empresas multinacionais. Não precisando reclamar da cadeira desconfortável ou fazer reclamações sindicais contra a ergonometria. O seu instrumento de trabalho agora é o notebook comprado com o seu dinheiro, bem diferente e bem melhor do que o desktop lento que travava no uso de imagens e de planilhas. Mas o melhor mesmo é o café feito em casa pelas mãos da esposa ou pelas máquinas de Nespresso, muito diferente do café aguado das máquinas nos corredores da empresa, sem precisar gastar tempo para fumar um cigarro fora das dependências da empresa. Todas as dificuldades desapareceram e quem ficou empregado terá que entregar muito mais quantidade e qualidade de trabalho. Como diria um snobe colega que pouco se importava com a humanidade dos funcionários, da mesma forma que Kleiton e Kledir na música Pato Macho: “Não quero nem saber se o pato é macho, eu quero é ovo”

Não podemos deixar de mencionar os caminhoneiros. Eles não podem mais sair por aí sem lenço e sem documento, agora são obrigados fazer um planejamento completo de suas viagens, evitando as paradas não muito recomendáveis, controlando assim, o ambiente onde terão seu descanso noturno e onde terão suas refeições. Sem contar que a mobilização como categoria, agora não está mais fadada ao comando de um sindicato, mas sim de qualquer voz intimidatória que ecoa nos vídeos de WhatsApp ou Facebook, espelhando assim, uma forma de reivindicar, muito semelhante aos famosos sindicatos do antigo setor automobilístico, trocando apenas o endereço e mantendo a forma. Falas sem nome e sem compromisso, sem deixar traços de identificação dos sindicatos, organizações políticas ou econômicas a quem estão ligadas, representando ou associadas. Falas que quase sempre se mostram patriotas nas telinhas de celulares, mas que desconhecem as necessidades populacionais e suas carências econômicas. Falas que se propõe a parar o país, ir para as ruas em nome de organizações desconhecidas que bancam a autopromoção para uma possível futura campanha política eleitoral.

Uma palavra deve ser direcionada ao funcionário público, que tem o seu salário preservado, por enquanto, e que tem por obrigação prestar os melhores serviços públicos para atender a sociedade desarvorada. Sociedade totalmente carente do ponto de vista de direção e organização, mas que banca através de impostos e transferência monetária uma estrutura governamental totalmente ineficaz e sem políticas públicas que atendam realmente a maior parte da população. Quando algum setor público funciona de maneira eficiente, não tem como deixar de notar a corrente crítica que sempre busca descontruir sua utilidade com acusações, até mesmo com falsas notícias, na tentativa infame da cooptação de poder.

Temos que mencionar, também, os professores que conseguiram se reinventar com o ensino a distância, agora, talvez mais flexível porque a telinha alivia seus ouvidos e traz mamães e papais para estudar junto com seus filhos, mas como esquecer que ainda terão que trabalhar dobrado para reinventar os espaços corretos, ventilados, e com muito mais atividades ao ar livre quando forem receber seus alunos em suas escolas. Os profissionais da educação não imaginam a obrigatoriedade do esforço que deverão empenhar com todo corpo docente e discente, e até mesmo de pais e especialistas, para planejar o retorno às aulas. A escola não é depósito de crianças albergadas por algumas horas, o colégio não é uma casa de divertimentos para adolescentes e jovens desinformados, sem civismo e sem valores morais. As Universidades não podem ser um recinto dominado pelas drogas, pela desobediência civil, pela formação de profissionais que passaram quatro ou cinco anos em atividades esportivas competitivas esquecendo-se do real é objetivo que é formação profissional. As turmas de formandos, tem em sua maioria uma de gama de profissionais, sem nenhum ou pouco valor cultural, e do ponto de vista do conhecimento, sai da Universidade da mesma forma que entrou, sem agregar valores. As Universidades não podem projetar e construir educação através de ideologias, sejam quais forem. O entendimento político não pode alardear propósitos de compromisso e engajamento social, formando profissionais e pessoas, inábeis, voltadas ao discurso do marketing e da marca pessoal, carregando a inutilidade e o despreparo no exercício profissional e na vida pessoal. Incapazes até mesmo de tomarem as rédeas de suas próprias vidas e do seu desenvolvimento como cidadãos. A maioria, mantém toda a estrutura de vida calcada na dependência da família, do pai, da mãe; e até mesmo, dos próprios avós, sempre preocupados com a possível herança familiar. A educação não é responsabilidade de um único agente, têm papel fundamental na formação do indivíduo a família, estado e sociedade. Quanto mais estes agentes estiverem desorientados, mais educandos serão formados de maneira imprópria e avessa aos valores éticos e responsáveis, sucateando a cultura, a arte e a ciência de qualquer pátria ou nação. O resultado sempre será uma quantidade de poucos com responsabilidades, arcando com o ônus de produzir ações que levem ao engrandecimento cultural e científico da sociedade em detrimento de muitos outros.

Enfim, a sociedade brasileira esta doente, em pandemia, refém do vírus, Covid-19, Corona Vírus, que graças as ideologias políticas fabricadas por interesses escusos, criou uma divisão de comportamentos, rachou os brasileiros em dois grupos. Os chamados da direita negacionistas e os de esquerda progressistas voltados para o distanciamento social e para a ciência, que eles próprios ignoram, imaginando-se protegidos debaixo destas bandeiras. Como não me encaixo em nenhum dos dois grupos, primeiro por que não aceito verdade absoluta e segundo por que toda divisão não agrega nada, só espalha, prefiro a verdade, ainda que relativa, que agrega e ajunta o espalhado. Grupos que se dizem dono da verdade para coaptar partidários, que distorcem valores éticos em nome da lealdade, não faz parte do meu perfil. Por isso descrevo esta pandemia com uma certa dose de ironia.

E lá vai minha ironia: pouco importa se o vírus, é uma farsa ou não, passo longe e quero continuar passando bem longe do virulento. Pouco importa os profissionais da saúde que lidam com eles, não sou médico. Para que me expor e expor minha família, repito, não sou médico. Sim, mas quando se trata de expor opinião, aí sim, passo a indicar o tratamento precoce com Azitromicina, Hidroxi-cloroquina e corticoides, passo a ser especialista e se alguém morrer não tenho nenhuma responsabilidade. Mas se tiver febre, perder o olfato, corro para o hospital quero ser internado e entubado, por isso terão que ter um quarto de UTI disponível, nem que seja particular, não posso ficar em fila de espera.

Vemos os políticos e autoridades recitarem regras que nunca serão cumpridas. Vacinas a conta gotas, que não terão o poder de ressuscitar uma sociedade, hoje totalmente agonizante. Voltar aos dias chamados de “normal”, não acontecerá, porque o “normal” não existe mais, e o comportamento social, mesmo após a vacina, será diferente do que conhecemos no passado.

Vemos nossos amigos morrendo e mesmo assim soltamos o ditado: melhor ele do que eu. O vírus não existe, é tudo farsa, estatística forçada dos governos. Temos que voltar ao que era antes e deixar morrer aí 1% de 100.000.000 de brasileiros, que morram 1.000.000 afinal já morreram 300.000, estamos com a média baixa para uma letalidade do vírus em 1%. Vai morrer mesmo? Não! Para isso temos confiar na ciência, fazer o distanciamento social e tomar a vacina, porque não temos hospitais para tratar todo mundo, porém, colocarmo-nos nas mãos de políticos aéticos que sequestram os serviços de saúde em detrimento de seus interesses pessoais se torna cada vez mais difícil.

Enfim o mundo não aprendeu nada com a história, poderíamos escrever um tratado com inúmeras páginas dos fracassos armados de conquistas, territórios e poder. E agora vemos uma luta para se apoderar de um vírus, uma pandemia para dominar todo o globo e um bocado de espertos que têm receitas mágicas publicadas diariamente nas mídias sociais. Durante a segunda guerra, os alemães exterminavam judeus e alegavam que prestavam serviços à sociedade, transformando um ser humano em 640 gramas de cinza e espalhando-os pelas ruas dos vilarejos da Polônia em amontoados de cinzas brancas. E, ainda assim, muitos nazistas modernos engajados em movimentos populares explicam que a “Solução Final” nunca existiu.

Na minha concepção otimista, quero acreditar, que todos os homens de boa vontade estão buscando novos caminhos para entender a nova realidade da sociedade, que descortina apenas uma pequena mostra da transformação, que já mostra uma tendência em ser a maior já vivida na nossa história global.

É crucial para o ser humano de hoje se preparar para a busca das profissões necessárias ao mundo do futuro. Falar 5 idiomas não será vantagem competitiva para os profissionais do futuro, viajar em turismo comercial será totalmente aético, abrir filiais em países pobres para vampirizar a necessidade de povos subdesenvolvidos será crime, competição será substituída por colaboração e associação.

Mas o mundo e o Brasil continuarão precisando de professores, educadores, profissionais da saúde, muitos hospitais e menos campos de futebol, alimentos, desenvolvimento tecnológico e científico, meios de transportes adequados e muitos, mas muitos mesmos, profissionais voltados para área de serviços. E muito mais do que tudo de pessoas com caráter, honra e que abominem a corrupção e a improbidade.

Espero com muita fé, no despertar das pessoas de bom senso, com mais objetivos humanitários em harmonia com o planeta em que vivemos, que fomente o planejamento de uma nova sociedade, que largue o osso desta civilização atual, falida, e que morre em situação de pobreza e desamparo.

Tirando fora a minha ironia, deixo claro que não tenho medo do vírus, mas entendo que terei que conviver com esta sociedade falida, com o planejamento desta nova sociedade que há de surgir trazendo consigo o coronavírus e com muitos outros que ainda hão de surgir.

Para quem achar que este é um texto feito por um influenciador de mídias sociais, com objetivo de arrebanhar partidários, que tenha em mente, que é um desabafo diante da percepção da realidade em vivo. Respeito os que pensam em contrário e me encontro totalmente aberto para dialogar, discutir os termos das minhas palavras, em uma reunião virtual enquanto a vacina não vem!

Na minha míope visão construída sobre o que é viver, o meu objetivo é, sempre foi e sempre será, aprender. Pobre os néscios que ainda não descobriram que mudar de opinião é sinal de aprendizado.